Porto metafísico

(poema “desentranhado” de A viagem vertical de Enrique Vila-Matas e O observador no escritório de Carlos Drummond de Andrade)

 

 

Navegar nas nuvens,

Voar em alto mar,

Enveredar pelos nervos

da alma,

Aspirar céu,

Sorver o chão,

Cavar o ar,

mais puro e ígneo,

Porto seguro,

Buscar e fugir,

Seguir e voltar,

Vertiginosamente.

E após este rio luminoso,

tortuoso

inavegável e inexorável,

vida!

Almejo nem que por um lampejo

atracar em um porto metafísico

e transverberar

 

 

Paulo Cabelo

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